Nicole Kowalski-Kleinsasser tinha 25 anos quando começou a sentir uma dor persistente na parte superior da mandíbula, que atrapalhava seu sono. O que parecia um problema simples foi inicialmente tratado como infecção sinusal, mas acabou revelando um câncer raro nas glândulas salivares, que mudaria sua vida e, anos depois, seria a causa de sua morte.
Natural de Nevada, nos Estados Unidos, Nicole buscou ajuda em 2017 achando que fosse dor de dente. O dentista constatou que os dentes estavam saudáveis, e médicos levantaram hipóteses como tensão muscular ou sinusite, prescrevendo antibióticos que não surtiram efeito. A dor da jovem foi sendo ignorada, no entanto, após novos exames de imagem feitos com insistência, o diagnóstico foi confirmado: câncer de glândula salivar. Essa doença que atinge cerca de 720 pessoas por ano no Reino Unido, segundo dados oficiais.
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O tratamento incluiu cirurgia para retirada do tumor, na qual perdeu quatro dentes e parte do céu da boca. Nicole descreveu a experiência como traumática. “Nunca senti dor como aquela na minha vida. Eu podia sentir cada coisa que ele fazia. Eu amo filmes de terror e parecia exatamente isso”, relatou.
Mesmo após análise inicial apontar benignidade, exames posteriores confirmaram o câncer. Nicole passou por 30 sessões de radioterapia, relatando que a sensação era de queimadura constante. “Meus ferimentos eram dentro da boca, eu costumo comparar a engolir ácido ou vidro”, disse. Para se alimentar e falar, precisou usar um dispositivo chamado obturador, que exigia ajustes frequentes e era doloroso.
Ao longo do processo, ela notou mudanças no rosto. “Perdi meu sorriso. Tive esse sorriso a vida toda e, de repente, acabou. Foi devastador”, contou. Pouco depois, exames revelaram a volta do câncer. Uma nova cirurgia retirou sete dentes e todo o céu da boca, obrigando Nicole a usar diferentes próteses para comer e se comunicar. Após novo tratamento, foi declarada livre da doença, retomou a vida acadêmica, concluiu mestrado e doutorado em psicologia e se casou com Eric Kleinsasser.
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“Nicole tinha uma alegria pelo dia a dia que era contagiante. Foi uma das primeiras coisas pelas quais me apaixonei. Ela queria entender as pessoas, não julgá-las”, disse o marido.
Em abril de 2022, dois anos após o último tratamento, o câncer retornou. Médicos removeram parte de seu rosto e usaram enxertos de pele da perna para reconstrução. Nicole relatou a dificuldade em lidar com a nova mudança na aparência. “Não era apenas estressante, era desumanizador”, lembrou Eric.
Durante todo o processo, Nicole dividiu sua trajetória no TikTok, onde era conhecida como @nicolescrookedsmile. “Ela dizia: ‘Isso não parece coragem, só é’. Mas, para mim e para todos, ela era a própria definição de coragem. Mesmo em dor insuportável, pensava em como fazer os outros se sentirem menos sozinhos”, afirmou o marido.
Nicole morreu em 23 de janeiro deste ano, aos 33 anos. Em homenagem, a mãe destacou a força da filha. “Nicole fez tudo o que podia para se livrar dessa doença horrível. Ela não perdeu. Ela não falhou. Enfrentou cada batalha com graça e determinação e, em tudo, sorriu, sem pedir pena ou culpar alguém. A vida nunca será tão brilhante sem aquele sorriso torto”, declarou.
Eric completou: “Nicole deu tudo o que tinha nessa luta. Agora é a nossa vez de carregar sua voz”.
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