
A cada 26 segundos, um misterioso pulso sísmico percorre o planeta Terra. Embora imperceptível aos seres humanos, ele é registrado com precisão por equipamentos sísmicos em todo o mundo. Esse fenômeno, conhecido como microsismo, não é um terremoto e não causa destruição, mas sua regularidade e origem ainda desafiam a ciência, mesmo após mais de seis décadas de investigação.
A descoberta ocorreu nos anos 1960, quando o geólogo Jack Oliver, da Universidade de Columbia, identificou um sinal sísmico repetitivo de baixa frequência. Ele descartou falhas técnicas e propôs duas hipóteses: o impacto de ondas oceânicas na plataforma continental africana ou atividade magmática no fundo do oceano Atlântico, especialmente no Golfo da Guiné.
Com o tempo, estudos confirmaram que o pulso se origina dessa região, próxima à Baía de Bonny e à ilha vulcânica de São Tomé. Relatos de marinheiros reforçaram a teoria das ondas gigantes, mas a presença de uma ilha vulcânica próxima também levantou suspeitas sobre uma possível origem geotérmica.
Avanços tecnológicos no século XXI permitiram medições mais precisas. Em 2006, pesquisadores liderados por Nikolai Shapiro constataram que o pulso viaja a uma velocidade típica de ondas sísmicas superficiais e que sua intensidade varia com as estações, sendo mais forte no inverno do hemisfério sul. Em 2013, descobriu-se que havia duas fontes distintas no Golfo da Guiné, o que complicou ainda mais o mistério.
Mais recentemente, em 2023, cientistas identificaram “deslizamentos de frequência” no sinal, indicando que ele pode acelerar gradualmente por dias, o que sugere um processo físico complexo e ainda desconhecido. As teorias atuais se dividem entre causas oceânicas e geotérmicas, mas nenhuma consegue explicar completamente a estabilidade, a persistência e as variações do pulso.
O pulso de 26 segundos permanece como um dos maiores enigmas da geofísica moderna, desafiando o conhecimento atual e lembrando que a Terra ainda guarda muitos segredos por desvendar.