
O anestesista francês Frédéric Péchier, de 53 anos, está sendo julgado por supostamente envenenar 30 pacientes em duas clínicas na cidade de Besançon, França. O caso, que se tornou um dos julgamentos mais acompanhados do país, envolve acusações de que ele teria adulterado bolsas de soro para provocar paradas cardíacas em pacientes, com o objetivo de exibir suas habilidades de ressuscitação e, ao mesmo tempo, prejudicar colegas com quem mantinha rivalidade profissional.
Entre as vítimas estão pessoas de diferentes idades, incluindo um menino de 4 anos, Teddy, que sobreviveu a duas paradas cardíacas durante uma cirurgia de amígdalas em 2016, e uma idosa de 89 anos. Doze pacientes morreram após os incidentes.
Péchier nega todas as acusações e afirma ser alvo de uma conspiração por parte de colegas invejosos. Segundo ele, não há evidências concretas de envenenamento. Seu advogado, Maître Randall Schwerdorffer, reforça que o médico nunca foi colocado em prisão preventiva devido à fragilidade das provas apresentadas.
A promotoria, no entanto, sustenta que Péchier é o elo comum em todos os casos de paradas cardíacas consideradas suspeitas. O promotor Etienne Manteaux destacou que o médico era sempre o primeiro a intervir nas emergências, o que levantou suspeitas sobre sua conduta.
O julgamento teve início após oito anos de investigações e deve durar mais de três meses. Estão envolvidos mais de 150 representantes das vítimas, além de cerca de 170 testemunhas e especialistas que prestarão depoimento ao longo do processo. Caso seja considerado culpado, Péchier poderá ser condenado à prisão perpétua.
O caso tem gerado grande repercussão tanto na França quanto internacionalmente, pela gravidade das acusações e pelo caráter inédito da situação. As famílias das vítimas aguardam com expectativa por justiça após anos de espera.