
No sul da Espanha, na província de Almería, encontra-se uma das paisagens mais impressionantes do planeta: um vasto conjunto de estufas agrícolas que, devido à sua extensão e brilho, é considerado a única construção humana claramente visível do espaço.
Conhecido como “mar de plástico”, esse aglomerado cobre mais de 26.000 hectares — podendo chegar a 40.000, segundo algumas estimativas — e é formado por estufas cobertas com plástico branco. Esse material reflete intensamente a luz solar, criando um contraste marcante com o solo árido ao redor, o que torna a região detectável até mesmo da Estação Espacial Internacional.
A origem desse fenômeno remonta à década de 1960, quando a região, antes considerada improdutiva, passou a adotar técnicas modernas de cultivo protegido. As estufas permitiram o desenvolvimento de uma agricultura intensiva, com colheitas durante todo o ano. Almería tornou-se, assim, um dos maiores polos exportadores de frutas e vegetais da Europa, com destaque para tomates, pepinos, pimentões e abobrinhas.
O impacto econômico foi transformador: a província deixou de ser uma das mais pobres da Espanha e passou a ser referência em produtividade agrícola. Além disso, a paisagem se tornou um símbolo da capacidade humana de modificar o ambiente em grande escala.
Astronautas relatam que o brilho das estufas é perceptível a olho nu durante sobrevoos noturnos ou em dias de céu limpo. Diferentemente de estruturas icônicas como as pirâmides do Egito ou o Burj Khalifa, que não se destacam da órbita terrestre, o “mar de plástico” se sobressai justamente por sua extensão contínua e o efeito refletivo da luz.
Essa impressionante intervenção humana mostra como a agricultura pode alterar a paisagem a ponto de se tornar visível do espaço, oferecendo uma nova perspectiva sobre o impacto das atividades humanas no planeta.