Um caso inusitado de disputa familiar está sendo analisado por um tribunal trabalhista em Glasgow, na Escócia. A enfermeira Anika Moughal processa seu irmão, o médico Dr. Mohammed Moughal, alegando ter sido demitida de forma ambígua enquanto estava grávida. Ambos trabalhavam na clínica Greenlaw Medical Practice, que foi posteriormente dissolvida após conflitos entre os sócios.
Segundo Anika, a demissão não foi comunicada de forma clara. Em vez de utilizar termos diretos como “demitida” ou “dispensada”, seu irmão apenas disse para ela “parar de trabalhar” e “não fazer mais login” nos sistemas da clínica. A profissional afirma que nem sequer percebeu que havia sido desligada, devido à linguagem vaga utilizada.
Anika iniciou sua trajetória na clínica em 2013 como recepcionista, e ao longo dos anos evoluiu até se tornar enfermeira em 2020. Após uma pausa para o casamento, ela retornou ao trabalho, conciliando funções presenciais e remotas, incluindo atendimentos a pacientes com doenças crônicas e participação em campanhas de vacinação contra a Covid-19.
Em 2023, durante uma gravidez considerada de risco, a gerente da clínica sugeriu que Anika reduzisse sua carga presencial. Pouco depois, os sócios decidiram removê-la da folha de pagamento a partir de maio de 2024. No entanto, o tribunal considerou que a comunicação feita por Dr. Moughal não deixou claro que se tratava de uma demissão definitiva. O médico admitiu que tentou suavizar a notícia, utilizando termos vagos por saber da condição da irmã.
O juiz Mark Whitcombe destacou que não houve nenhum comunicado formal, como carta ou e-mail, confirmando a demissão, e que o contexto não indicava claramente o fim do vínculo empregatício. Anika só recebeu o documento oficial de rescisão (P45) em agosto de 2024, meses após o fim dos pagamentos.
Com base nos fatos apresentados, o tribunal reconheceu que houve uma demissão e que Anika era, de fato, funcionária da clínica. O processo seguirá agora para uma nova audiência, que analisará os detalhes da possível demissão injusta.