
Uma prática de punição extremamente cruel, chamada keelhauling, foi usada por séculos para disciplinar marinheiros e criminosos no mar. Originária da Grécia Antiga, essa forma de tortura foi adotada por diversas marinhas, incluindo a holandesa no século XVII, e era aplicada em casos considerados graves, como deserção, pirataria e assassinato.
O keelhauling consistia em amarrar o condenado com cordas e arrastá-lo sob o casco do navio, de um lado ao outro. Embora pareça um simples mergulho forçado, a realidade era muito mais aterrorizante. Os cascos dos navios da época eram feitos de madeira áspera e cobertos por cracas e moluscos com conchas afiadas. Durante a travessia, o corpo da vítima era severamente lacerado por essas superfícies, causando ferimentos profundos e dolorosos.
Além das lacerações, havia o risco de afogamento, já que o condenado precisava prender a respiração durante o arrasto. Caso sobrevivesse, ainda enfrentava a dor intensa causada pelo contato das feridas com a água salgada do mar.
Relatos históricos mostram que, em alguns casos, o keelhauling era apenas parte da punição. Um marinheiro holandês, por exemplo, foi submetido ao castigo em 1652, recebeu 150 chicotadas e foi condenado à escravidão por dois anos. Em 1673, dois outros marinheiros foram punidos da mesma forma após cometerem assassinato.
Por sua crueldade extrema, o keelhauling era utilizado com parcimônia, geralmente em público, como forma de advertência à tripulação. No entanto, historiadores questionam a frequência real da prática, devido à escassez de registros concretos. Alguns acreditam que sua fama possa ter sido amplificada por relatos exagerados.
Real ou não, o keelhauling representa um capítulo sombrio da história naval, ilustrando como o medo e a violência foram usados como instrumentos de controle e disciplina em alto-mar.