
A eleição de Pietra Travassos como Miss Santa Catarina representa mais do que a conquista de um título de beleza: simboliza o reconhecimento de uma história frequentemente silenciada. O estado, conhecido por suas paisagens costeiras e herança europeia, também é lar de uma população diversa que inclui brasileiros negros, cuja presença precisa ser valorizada e visível em todos os espaços.
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Muito além das imagens idealizadas de chalés e tradições coloniais, o território catarinense carrega em suas raízes a contribuição ativa da população negra. Desde as comunidades quilombolas, como a Invernada dos Negros, até os mercados e oficinas, homens e mulheres negras ajudaram a construir, com suas mãos e sua cultura, a identidade do estado. Ignorar essa herança é distorcer a história.
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Ao subir ao palco com quase 18 anos, Pietra afirma, com confiança e elegância, que a beleza não pertence exclusivamente à branquitude. Sua vitória é um ato de afirmação e resistência, um reflexo vivo de sua ancestralidade. Os ataques racistas que surgiram após sua conquista revelam mais sobre o preconceito de quem os profere do que sobre ela. Eles denunciam o incômodo de ver padrões excludentes sendo quebrados.
A beleza, afinal, é ampla e subjetiva. Ela se manifesta no gesto, na história, no olhar — e não pode ser reduzida a tons de pele ou origens étnicas. Quando Pietra recebe a faixa, ela também entrega a Santa Catarina uma nova narrativa: a de um estado plural, com múltiplas identidades que devem ser celebradas.
É essencial que se reconheça a presença negra em cada canto do estado, das praias às montanhas. A história catarinense — e brasileira — precisa ser contada por todos que a constroem. A coroação de uma jovem negra como Miss Santa Catarina é, assim, um marco simbólico que redefine pertencimentos.
Que esse momento inspire mudanças reais. Que a beleza que transforma seja reconhecida como ferramenta de libertação e inclusão. E que cada um possa olhar ao redor e afirmar com convicção: “este também é o meu lugar”.

