É falso que uso de álcool 70% para higienização pode causar infecção respiratória e até matar

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Circula pelas redes sociais um vídeo que diz que utilizar álcool 70% para se proteger do novo coronavírus leva a quadros de insuficiência respiratória similares ao da Covid-19 e pode matar.

A informação é falsa. A mensagem diz que o uso do produto deve ser evitado, seja em gel ou líquido, contrariando as orientações que vêm sendo dadas pelas autoridades de saúde para a proteção da população do novo vírus. O vídeo também diz que as pessoas devem higienizar as mãos só com água e sabão.

A fake news afirma ainda que a utilização contínua do produto gera “garganta seca, tosse, falta de ar, vertigem, insuficiência respiratória, diminuição de oxigenação no sangue, podendo causar a morte”. Diz também que o quadro pode mascarar a contaminação pelo novo vírus, pelos sintomas respiratórios. Por fim, diz ainda que o álcool polui a água, os esgotos e o ar.

Todas as informações são falsas e confundem a população. O álcool etílico anidro é o nome da substância etanol, que não contém água em sua composição. É o etanol puro. O que compõe o álcool em gel é o etanol, a uma concentração de 70%, necessária para ação antisséptica. Os outros 30% que compõem a fórmula são formados por água, um polímero (que é o que gera a consistência do gel) e outras substâncias que podem deixar o produto mais suave para as mãos, como glicerina (que evita a desidratação) e até mesmo essência (ou perfume).

O vídeo diz que o uso demasiado do álcool em 70% pode provocar os sintomas respiratórios, levando o sistema imunológico à falência e até ao óbito, porém, só há algum efeito nocivo se houver ingestão oral e excessiva de álcool.

De acordo com o Ministério da Saúde, o uso tópico do álcool em gel, que é a forma recomendada para a higienização das mãos e desinfecção de algumas superfícies, não tem nenhuma relação com estes efeitos se feito corretamente.

Ao G1, a pneumologista Patricia Canto Ribeiro lembra que não se deve passar o álcool em 70% líquido diretamente nas mãos, e sim na limpeza de objetos. E é preciso atentar para o risco de queimaduras. “O produto tem poder bactericida e desinfetante. O que pode acontecer, e isso fez com que a venda fosse proibida em supermercado, é que as pessoas usam em churrasqueira, e ele é muito explosivo. Então o risco para a saúde humana é o de provocar queimaduras. Além disso, as pessoas não devem ficar passando na pele, pode ressecar muito e causar pequenas lesões, e isso pode acabar agravando o risco de contaminação.”

O infectologista Leonardo Weissman, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologista, também faz esse alerta: “O uso excessivo de álcool 70% (líquido) tem como consequências o ressecamento da pele e a formação de rachaduras, que podem servir como porta de entrada para bactérias. O resto é uma grande bobagem”.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.