
Satélites da missão Swarm monitoram a Anomalia do Atlântico Sul, onde o campo magnético terrestre está se enfraquecendo. (Foto: Instagram)
O campo magnético terrestre funciona como um escudo natural, protegendo o planeta da radiação cósmica e das partículas solares. Esse campo, no entanto, não é constante: ele varia ao longo do tempo, podendo enfraquecer ou até mesmo mudar sua orientação.
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A origem do magnetismo terrestre está localizada a cerca de 3 mil quilômetros de profundidade, onde o núcleo externo da Terra, composto por ferro líquido em movimento, gera correntes elétricas que sustentam o campo. Pequenas mudanças nesse fluxo podem alterar o equilíbrio magnético global — algo que os cientistas acreditam estar ocorrendo atualmente.
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Desde 2013, satélites da missão europeia Swarm vêm monitorando o comportamento do campo magnético. Os dados revelaram uma área entre a América do Sul e a África onde o campo está enfraquecendo rapidamente — a chamada Anomalia do Atlântico Sul. Essa região, que já duplicou de tamanho em dez anos, causa falhas em satélites, reinicializações inesperadas e interrupções de comunicação.
Astronautas na Estação Espacial Internacional ficam mais vulneráveis à radiação ao cruzar essa zona, devido à menor proteção magnética. Pesquisas publicadas na revista Physics of the Earth and Planetary Interiors sugerem que a origem da anomalia está na fronteira entre o núcleo líquido e o manto rochoso, onde os fluxos metálicos parecem se comportar de forma incomum.
O geofísico Chris Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca, explica que, em vez de sair do núcleo como normalmente ocorre, o campo magnético em certas áreas da anomalia parece estar retornando para dentro da Terra. Esse comportamento contribui para o aumento da radiação local.
Além disso, a anomalia está se deslocando lentamente para o oeste, enquanto outras regiões do planeta apresentam fortalecimento ou enfraquecimento do campo, como na Sibéria e no Canadá. Tais mudanças afetam diretamente a operação de satélites e sistemas de navegação, elevando o risco de falhas tecnológicas.
Embora os cientistas considerem que esse fenômeno possa fazer parte de ciclos naturais — como as inversões de polos magnéticos que já ocorreram várias vezes na história da Terra —, o processo é lento e pode levar milênios. Por enquanto, a preocupação se concentra nos impactos imediatos sobre equipamentos em órbita e na crescente instabilidade desse escudo invisível que protege o planeta.

