
Transporte coletivo lotado em São Paulo enfrenta desafios com a chegada dos mototáxis por aplicativo. (Foto: Instagram)
A chegada dos serviços de mototáxi por aplicativo em São Paulo, marcada para 11 de dezembro, deve intensificar a queda no número de usuários do transporte coletivo, segundo especialistas. A medida, anunciada pelas plataformas Uber e 99, preocupa urbanistas e engenheiros de mobilidade, que veem risco de agravamento na arrecadação e na qualidade do sistema de ônibus da capital.
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Mesmo sem regulamentação oficial da prefeitura, as empresas prometem implementar protocolos próprios de segurança. Para Sergio Avelleda, coordenador no Insper, a experiência de outras cidades mostra que a migração para as motos será mais intensa em regiões periféricas e em horários de pico, onde o transporte coletivo sofre com superlotação e lentidão.
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Avelleda destaca que o sistema de ônibus já funciona com margens estreitas e depende de um equilíbrio frágil entre tarifa, demanda e subsídios. A perda de passageiros pode gerar um ciclo de deterioração do serviço, com menos recursos e piora na oferta. As áreas mais afastadas do centro tendem a ser as mais prejudicadas.
Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em transportes pela USP, estima que até um milhão de usuários podem abandonar os ônibus, com base em dados iniciais da 99. Isso aumentaria ainda mais os subsídios públicos, já bilionários. Ele defende que a prefeitura invista em melhorias como corredores exclusivos e atendimento por vans em bairros afastados.
Para conter a crise, os especialistas recomendam ações imediatas, como tornar o ônibus mais atrativo, com velocidade, conforto e confiabilidade. Também sugerem regulamentar o mototáxi com exigências como freios ABS, experiência mínima dos condutores e cursos de direção defensiva.
Ejzenberg critica a atual gestão por priorizar obras para carros em vez de fortalecer o transporte coletivo. Ele alerta que essa política empurra os usuários para alternativas mais arriscadas, como as motos, e contribui para o aumento de acidentes e da poluição. Segundo ele, São Paulo caminha para uma mobilidade mais excludente e perigosa.

