
Bancos lucram bilhões com crédito consignado a aposentados, mesmo sob denúncias de fraudes. (Foto: Instagram)
Nos últimos cinco anos, instituições financeiras brasileiras faturaram R$ 466 bilhões com empréstimos consignados voltados a aposentados, segundo dados exclusivos obtidos via Lei de Acesso à Informação. O crescimento ocorreu mesmo diante de denúncias de fraudes e práticas abusivas, e envolveu 87 bancos que firmaram acordos com o INSS para operar esse tipo de crédito. Muitos deles registraram crescimento vertiginoso logo após ingressarem nesse mercado.
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A revelação dos números ocorre em meio à repercussão da Operação Sem Desconto, que expôs um esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias. A semelhança entre os métodos usados por associações investigadas e os bancos — como os acordos com o INSS — levantou suspeitas de irregularidades também no setor financeiro. As queixas incluem descontos não autorizados e contratos firmados com assinaturas falsas.
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Desde 2020, o número de contratos ativos saltou de 23 para 35 milhões, e o faturamento mensal dos bancos passou de R$ 4 bilhões para R$ 9 bilhões. Entre os que mais cresceram estão o C6 e o Agibank. O C6, por exemplo, saiu de 514 clientes em 2020 para mais de 3,3 milhões em 2024, acumulando R$ 20 bilhões em receitas. Já o Agibank multiplicou sua carteira em 23 vezes em apenas seis meses de 2021.
O mercado também enfrenta críticas por práticas como a inclusão de seguros indevidos, abordagens enganosas por telefone e portabilidade forçada de aposentadorias. A Secretaria Nacional do Consumidor registrou aumento expressivo nas reclamações, que passaram de 22,2 mil em 2024 para 35,6 mil nos primeiros meses de 2025.
Casos como o de uma aposentada que processou três bancos por empréstimos que não contratou se tornaram comuns. A Justiça reconheceu fraude em suas assinaturas e determinou indenização. O C6, BMG e Itaú foram condenados. O C6 afirma ter adotado medidas de segurança, como biometria facial, para coibir fraudes.
O INSS rescindiu 19 acordos com bancos por descumprimento de normas e afirma ter implementado controles mais rigorosos. Já os bancos alegam seguir as regras do Banco Central e da autorregulação do setor, além de manter ações corretivas e de prevenção a fraudes.

