
Polvo utiliza braço especial para reprodução em profundezas escuras do oceano. (Foto: Instagram)
O polvo é uma criatura marinha com uma anatomia bastante peculiar, especialmente no que diz respeito à reprodução. Considerado altamente inteligente, o animal possui órgãos distribuídos por todo o corpo, incluindo um braço que funciona tanto como membro locomotor quanto como órgão sexual. Esse braço, conhecido como hectocótilo, é visualmente idêntico aos outros, mas tem funções específicas.
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Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, observaram que o polvo macho utiliza esse braço especial para localizar a fêmea mesmo sem enxergá-la em ambientes escuros e profundos. A descoberta de que o hectocótilo possui receptores químicos sensíveis à progesterona, o hormônio feminino, ajudou a explicar como essa busca é possível.
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A reprodução ocorre à distância: o macho estende o hectocótilo até a cavidade respiratória da fêmea, depositando o esperma sem contato visual. Essa habilidade de "enxergar" quimicamente intrigou os estudiosos por anos. A pesquisa começou quando o neurobiólogo Pablo Villar tentou estimular o acasalamento de polvos em cativeiro, observando que mesmo separados por uma barreira, os machos conseguiam localizar a fêmea apenas pelo toque.
Em testes posteriores, Villar colocou diferentes substâncias em recipientes conectados à divisória. Os polvos machos mostraram forte interesse por aquele que continha progesterona, indicando que o hormônio tem papel fundamental na atração sexual entre os animais.
Análises laboratoriais mostraram que o hectocótilo tem até três vezes mais receptores sensoriais do que os outros braços, além de um número elevado de neurônios. Embora sua aparência seja semelhante aos demais, ele possui um canal interno por onde o esperma se move durante o acasalamento.
Curiosamente, até mesmo braços amputados de polvos e lulas reagiram à presença da progesterona, o que reforça a importância desse hormônio no processo. Segundo o neurobiólogo Roger Hanlon, as fêmeas podem controlar discretamente a reprodução ao reduzir a produção hormonal ou fechar o oviduto temporariamente. A equipe agora busca entender como o braço interpreta esses sinais químicos e o que isso pode revelar sobre a reprodução marinha como um todo.

