Em uma reviravolta judicial que promete intensificar o embate entre instituições acadêmicas e o governo, a Justiça dos Estados Unidos suspendeu temporariamente uma decisão da administração de Donald Trump que proibia estudantes estrangeiros de se matricularem na Universidade de Harvard. A medida foi bloqueada após um pedido formal da própria universidade, que argumentou que a ordem presidencial violava a Constituição americana.
A juíza distrital Allison D. Burroughs foi responsável por assinar a decisão, que ainda é provisória, mas representa uma vitória momentânea contra o que Harvard classificou como uma tentativa do governo de interferir na autonomia universitária. A instituição denunciou que a proibição não apenas fere direitos garantidos pela Primeira Emenda, como também busca controlar a governança, o currículo e até a ideologia dos professores.
O caso ganhou contornos ainda mais polêmicos quando se soube que, além da proibição, o governo Trump solicitou todos os arquivos da universidade relacionados a estudantes estrangeiros. O objetivo seria identificar supostas “atividades ilegais” realizadas nos últimos cinco anos, incluindo gravações de manifestações no campus. A medida foi vista como uma clara tentativa de vigilância e intimidação.
A decisão judicial não encerra o impasse: o governo ainda pode recorrer. No entanto, o episódio reacende o debate sobre liberdade acadêmica, xenofobia e autoritarismo nas políticas migratórias e educacionais dos EUA. A comunidade acadêmica internacional acompanha de perto o desdobramento do caso, temendo que medidas semelhantes possam ser replicadas em outras instituições.