Um vídeo que diz que o Sars-CoV-2, o coronavírus que já deixou quase 500 mil mortos no mundo todo, é o mesmo que gerou a epidemia de Sars, está sendo muito compartilhado pelo WhatsApp. E a prova apresentada para isso é a edição de uma revista publicada em 2003.
O vídeo mostra um homem folheando a edição da revista “Saúde”, de maio de 2003, que tem uma reportagem sobre a Sars (a Síndrome respiratória aguda grave, também causada por um vírus), chamada no texto de “pneumonia asiática” e surgida no fim de 2002.
Ele afirma se tratar do mesmo coronavírus identificado em dezembro de 2019. A informação é falsa. O homem diz assim: “Esse coronavírus já é velhinho, já era para estar sendo cuidado há muito tempo. Será que existe interesse mundial?”.
Os dois vírus são diferentes, apesar de ambos terem surgido na China, se propagarem da mesma maneira – pelo contato interpessoal, através de gotículas que contêm o vírus – e causarem infecções respiratórias, com sintomas parecidos com o da gripe.
Os casos e óbitos – cerca de 800 – não se espalharam tanto. Em seis meses, o Brasil conta mais de 50 mil óbitos pela Covid-19. A outra epidemia ficou restrita a China e países vizinhos. A atual é de uma nova variedade de coronavírus, que tem entre suas características uma capacidade cerca de dez vezes maior de disseminação pela transmissão pessoa a pessoa.
O Sars-CoV-1 apareceu em 2002 e 2003 e depois desapareceu. Já o Sars-CoV-2 tem 85% de semelhança genética aproximadamente com ele, e já está durando mais tempo. Por conta dessa semelhança ele recebeu esse mesmo nome.
As medidas recomendadas na época são as mesmas de hoje: evitar aglomeração e limpar as mãos. A diferença é que não se falava do uso de máscara por toda a população, como agora.
Por conta do compartilhamento da informação falsa sobre a reportagem de 2003, a revista Saúde fez um comunicado esclarecendo que não se trata do mesmo vírus, e que não é verdade “que as autoridades sabiam da ameaça há muito tempo e não fizeram nada” nem que o novo vírus não seja motivo de preocupação.
Conteúdo de fact-checking do Pipeify.