Em meio a polêmicas envolvendo comerciais de chinelos e figuras públicas, o Brasil parece ignorar questões mais sérias. Enquanto parte da população se ocupa com temas triviais, como a propaganda da Havaianas estrelada por Fernanda Torres, escândalos de grande magnitude passam quase despercebidos.
++ Renda passiva turbo: copie o sistema de IA que está fazendo gente comum lucrar
Um desses escândalos envolve o filho do presidente da República, citado em investigações sobre fraudes bilionárias em descontos do INSS. Outro caso que chama atenção é o crescimento expressivo do patrimônio da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Segundo o jornalista Lauro Jardim, sua fortuna aumentou de R$ 24 milhões em 2023 para R$ 79,7 milhões em 2024.
++ Pai que esqueceu filha em carro quente e aguardava sentença morre um dia antes de se entregar
Diante dessas revelações, o autor da coluna relata ter buscado refúgio na literatura, mais precisamente em Le Tchékiste, obra escrita por Vladimir Zazoubrine em 1923, que retrata os horrores cometidos pela polícia secreta soviética, a Tcheka. A leitura o levou a refletir sobre como a repressão da época de Lênin ainda encontra ecos na atuação de figuras como o presidente russo Vladimir Putin.
A tentativa de escapar da realidade brasileira, porém, foi interrompida por uma nova onda de indignação vinda da direita bolsonarista, que reagiu de forma exagerada à campanha publicitária da Havaianas. Para o colunista, trata-se de uma combinação de propaganda de baixa qualidade com a paranoia típica desse grupo político.
Ele conclui que, apesar das críticas, trocar de chinelo não deveria ser prioridade para a direita neste verão, reconhecendo que a marca ainda tem qualidade. Antes de retornar ao livro, compartilha uma lembrança de quando morava perto da Assembleia Nacional francesa, onde conheceu mais sobre as origens dos conceitos de direita e esquerda.
Essa divisão surgiu em 1789, durante a Revolução Francesa, quando os defensores do rei se sentaram à direita e os opositores à esquerda. O colunista cita um nobre da época, que preferiu ficar à direita para evitar os gritos e provocações dos revolucionários.
Hoje, segundo ele, tanto a direita quanto a esquerda se igualam na gritaria e na falta de decoro. No Brasil, ambas parecem andar de quatro patas — e talvez precisem de dois pares de Havaianas cada uma.

