Desde sexta-feira (10), circula pelas redes sociais uma postagem que afirma que a ex-presidente Dilma Rousseff teria participado do atentado que levou à morte do solado Mário Kozel Filho, no dia 26 de junho de 1968. A mensagem viralizou principalmente no Facebook.
Na data em questão, o grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o qual praticou luta armada contra a ditadura militar (imposta de 1964 a 1985), atacou o quartel-general do 2º Exército, em São Paulo. Logo nos meses seguintes, dez dos acusados pelo atentado foram presos e dois foram mortos pelos militares.
A informação é falsa. Dilma Rousseff (PT) não participou do atentado que levou à morte do soldado Mário Kozel Filho. Vários veículos de informação, como o Estão, noticiaram na época o ocorrido e relatam que um veículo carregando dinamite foi lançado contra o Quartel General do 2º Exército, no bairro Ibirapuera, em São Paulo.
Na situação, a explosão matou um soldado de 18 anos, Mário Kozel Filho, e também deixou outros cinco feridos. O que já contrapõe a fake news, já que a postagem inventa que Dilma teria “jogado uma granada no portão”.
Além disso, a data citada no post está errada. De acordo com o Estadão, o atentado ocorreu durante a madrugada e foi executado por apenas uma pessoa. O motorista saltou do veículo após alguns tiros disparados e os pneus do carro foram alvejados. Depois disso, a pessoa que dirigia foi resgatada por cúmplices em um outro veículo. O carro com explosivos bateu contra a parede do quartel e detonou quando os soldados se aproximaram. Só depois, o fato foi atribuído ao grupo VPR.
Nessa época, Dilma não fazia parte da VPR. É possível verificar através da biografia da petista no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela era integrante do grupo guerrilheiro Comando de Libertação Nacional (Colina) e essa organização apenas se uniria à VPR em 1969, ou seja, um ano depois do atentado contra Kozel Filho. A união dos dois grupos formaram a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR).
Não há evidências da participação de Dilma Rousseff em qualquer ação armada durante o regime militar. O Pipeify consultou documentos tornados públicos em 2010 pelo Superior Tribunal Militar (STM) para desmentir as fake news de que a ex-presidente teria participado de atentados como esse e outros. Os assaltos aos bancos Banespa e Mercantil, em 1968 e de que teria participado de roubo ao quartel da Força Pública do Barro Branco, por exemplo. Nada disso é verídico.
Inclusive, o caso de Mário Kozel Filho não é citado nos arquivos da ditadura referentes a Dilma, os quais foram produzidos a partir de depoimento sob tortura prestado por ela em delegacia do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no ano de 1970. Segundo o relatório, a política afirmou que sabia de três assaltos e um atentado a bomba realizados pelo Colina, mas negou qualquer “participação ativa”.
A Justiça Militar concluiu que ela teria chefiado greves e também assessorado assaltos a bancos, entretanto, não cita quais foram eles e nem comprova vinculação direta. Os arquivos indicam ainda que Dilma se mudou para São Paulo apenas em outubro de 1969, meses depois da morte do soldado.
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Conteúdo de fact-checking do Pipeify.