“Demorei para me reconhecer como preto”, diz Samuel de Assis

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Samuel de Assis, de 41 anos, está em cartaz com a peça “E vocês, quem são?”. Em entrevista, o ator respondeu a pergunta e falou sobre autoestima. O artista irá se apresentar nesta quarta-feira (20/11), Dia da Consciência negra. O espetáculo ocorrerá no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia – região central do Rio de Janeiro.

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Samuel de Assis revela quando se reconheceu como um homem preto

Ao jornal “Extra”, Samuel contou que é o único negro da família: “Venho de uma família em que só eu sou negro. Somos cinco filhos. Eu sou o do meio, o mais novo da minha mãe. Mas eu tenho dois irmãos, vindos do meu pai com minha madrasta. Todos têm a pele branca (…). Eu estudei em colégio de brancos, vivi no meio deles.“, detalhou logo a princípio. Na sequência, o famoso disse que, por conta de tudo isso, ele demorou para se reconhecer como um homem negro: “Por tudo isso, demorei muito para me reconhecer como homem preto e entender que muitas das coisas que sofri na vida foram racismo. Só quando eu cheguei em São Paulo, comecei a fazer teatro e saí da minha bolha que percebi várias situações assim.“, contou.

“A gente é criado assim: não é bonito nem feio, é preto”, diz ator

Em seguida, o artista contou que isso impactou em sua autoestima: “Foram quarenta anos para eu entender que posso ser galã. (…) Tinha o menino bonito, o menino feio, o menino mais ou menos e o menino preto, eu. A gente é criado assim: não é bonito nem feio, é preto. Isso é violento demais! Faz com que a gente não consiga enxergar uma possibilidade de beleza própria. Foram muitos anos de análise, de violência sofrida, de luta, pra poder hoje aceitar que tem um Brasil inteiro dizendo que sou bonito.“, confidenciou.

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Artista fala sobre racismo e preconceito religioso

Ao falar sobre racismo, Samuel diz acreditar em um mundo melhor: “Se não formos otimistas, se não tivermos fé, esperança na gente mesmo e no mundo, a gente não vive mais.“, opinou. “O olhar que o mundo tem pra mim (hoje), homem preto, é um olhar que diz: ‘Você tem que morrer’.“, lamentou. Por fim, De Assis contou também ter sido alvo também do preconceito religioso algumas vezes: “Nunca houve violência física, mas sempre teve aquele olharzinho, sabe? A virada de olhos, a virada de cara por eu ser do candomblé.“, disse.

Conteúdo de fact-checking do PaiPee.

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