É falso que pesquisa da USP comprovou que pessoas em isolamento ficam mais vulneráveis ao coronavírus

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Circula nas redes sociais um post que afirma que uma suposta pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) teria comprovado que pessoas em confinamento são mais vulneráveis à contaminação por Covid-19. Segundo o post, isso aconteceria devido a falta de ventilação nos ambientes que, devido a baixa circulação do ar, tornaria as pessoas mais vulneráveis ao vírus.

“REVIRAVOLTA: USP COMPROVA QUE PESSOAS EM CONFINAMENTO SÃO MAIS VULNERÁVEIS A CONTAMINAÇÃO POR COVID” – Trecho do texto que circula no Facebook. (Fonte: Reprodução)

Essa informação é falsa. A pesquisa mencionada na publicação, além de não afirmar que pessoas em confinamento são mais vulneráveis a contrair a Covid-19, ainda nem foi publicada. O estudo detectou a presença do novo coronavírus no ar, o que não significa necessariamente que pessoas em confinamento estejam mais “vulneráveis”.

Segundo a Omni-electronica, startup que  desenvolveu a pesquisa no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o efeito de medidas de distanciamento ou isolamento social não foi avaliado no estudo, sendo assim, não foram levados em conta os fatores como a carga viral necessária para infecção de indivíduo saudável. A proposta do estudo foi evidenciar a presença de material viral suspenso no ar em ambientes internos e correlacionar a quantidade de material viral amostrado com variáveis como a temperatura, umidade relativa, concentração de dióxido de carbono, compostos orgânicos voláteis e material particulado suspenso.

“O único objetivo foi identificar formas que possam auxiliar uma retomada mais segura do trabalho presencial, por meio do monitoramento, em tempo real, da QAI [Qualidade do Ar Interior] como forma de viabilizar a gestão de risco de contaminação por bioaerossóis, já que a transparência sobre níveis de ventilação e condicionamento do ar interior permitem uma gestão eficaz e a tranquilidade do público ocupante. O resultado do estudo nada tem a ver com as medidas de isolamento social”, afirmou a startup.

Um artigo científico com os dados da pesquisa está sendo produzido e deve ser publicado ainda em agosto, conforme foi divulgado em um comunicado no Jornal da USP. Segundo o texto, as análises tiveram início em junho e duraram dois meses.

O engenheiro Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica, informou na publicação do jornal da USP que, a partir dessa pesquisa, foi possível constatar que  o vírus é transmissível, nãoapenas por grandes gotículas (durante tosse ou espirro), mas também por microgotículas que as pessoas expelem quando conversam, por exemplo, ou até no momento da expiração.

“A equipe de pesquisadores capturou o vírus SARS-CoV-2 suspenso no ar em ambiente hospitalar. Além disso, com o auxílio da Tecnologia SPIRI, pôde demonstrar que, mesmo em hospitais, a renovação adequada do ar tem capacidade para mitigar o risco de contaminação”, afirmou Arthur Aikawa. “Ou seja, garantir a ventilação adequada pode ser a maior arma na luta contra o coronavírus.”, disse o engenheiro.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.