Tem circulado pelas redes sociais que a notícia de que o jornalista da Globo News, Octavio Guedes, teria chamado os nordestinos de “pobres e estúpidos”. No entanto, a informação é falsa.
Ao falar sobre a última pesquisa da Datafolha, que indicou um aumento de popularidade de Jair Bolsonaro (sem partido), Octavio Guedes faz uma paráfrase de um bordão conhecido pelos norte-americanos: “é a economia, estúpido”. O jornalista troca a palavra “economia”, pela palavra “pobre”, para indicar que a população de baixa renda seria responsável pela nova popularidade de Jair Bolsonaro. E, em alusão ao jargão original, estaria chamando o interlocutor de “estúpido”, e não os “nordestinos”, como se os motivo que levaram ao resultado da pesquisa fossem óbvios.
A frase, em inglês “it’s the economy, stupid” (“é a economia, estúpido”), foi criada por James Carville, estrategista da campanha de Bill Clinton nas eleições presidenciais de 1992. Inicialmente, a frase seria um lembrete para a própria equipe, que deveria colocar ênfase na pauta econômica, um dos principais pontos fracos do adversário, o então presidente George Bush, durante a campanha. Contudo, ela acabou virando uma espécie de slogan para Clinton, que venceu as eleições na ocasião.
A frase virou uma referência rotineira nos Estados Unidos, às vezes mudando a palavra “economia” por outra coisa considerada primordial. Em 2008, a revista Time parafraseou a mesma frase, utilizando o termo “eleitores”. O bordão também é utilizado pela imprensa brasileira em análises políticas.
Em análise transmitida no dia 14 de agosto, Guedes utiliza a paráfrase para explicar a informação apresentada pela jornalista Julia Dualibi, que diz que três dos cinco pontos percentuais conquistados por Bolsonaro na categoria “Ótimo”, vieram de eleitores com renda de até três salários mínimos. Guedes responde: “se tivesse que fazer uma manchete sobre o seu comentário, faria ‘é o pobre, estúpido’. É isso que fez mudar o pêndulo”. Em nenhum momento, o jornalista atribuiu o adjetivo “estúpido” à população nordestina ou pobre.
Em sua conta no Twitter, Guedes comentou o caso. “Roubaram a vírgula, sequestraram a referência e extorquiram o contexto. O pobre virou estúpido”, escreveu.