Circula nas redes sociais uma publicação que mostra uma imagem, publicada em 1962, onde pessoas aparecem em veículos cercados por uma redoma de vidro. Segundo a legenda que acompanha a imagem, o nome da ilustração seria “vida em 2022” e muitos internautas relacionaram as redomas com a situação atual de isolamento social, devido a pandemia de Covid-19. Alguns usuários, inclusive, chegaram a dizer que a imagem seria uma espécie de “premonição”.
Essa informação é falsa. Não é verdade que a ilustração de 1962 previu a pandemia de Covid-19. A imagem é de autoria do artista italiano Walter Molino e foi publicada com o título “É assim que vamos circular na cidade?”, na revista italiana Domenica del Corriere, em 16 dezembro de 1962. Dessa forma, o objetivo de Molino com a ilustração, na verdade, era de questionar o futuro da mobilidade urbana. “É assim que o tráfego nas cidades poderia ser aliviado. Em vez dos atuais carros pesados, minúsculos monolugares que ocupam uma área mínima de superfície e que poderiam ser chamados de singolettas”, dizia o texto.
Outras publicações semelhantes foram encontradas em outras redes sociais, como o Facebook e o Instagram, também associando a ilustração com a pandemia. “Esta gravura abaixo parece incrivelmente com uma sociedade vítima de alguma pandemia, em que as pessoas andam completamente isoladas entre si na rua”, diz um dos posts.
Porém, apesar do que circula na internet, o texto original de 1962 não menciona o ano de 2022 e nem prevê a necessidade de isolamento social. Em maio deste ano, outro jornal italiano republicou a ilustração, comentando o quanto a imagem parece “profética” nos dias de hoje. “O bloqueio imposto em todo o mundo para impedir a propagação da covid-19 provou ser positivo em termos de poluição do ar, e levou muitos governos a redesenhar as viagens urbanas”, afirmou o jornal Corriere della Sera.
O artista Walter Molino (1915-1997) colaborou com diversas edições da revista semanal Domenica del Corriere, desde 1941. A publicação, que pertencia à editora do Corriere della Sera, parou de circular em 1989.
Conteúdo de fact-checking do PaiPee.