É falso que Venezuela e Argentina utilizam as mesmas urnas eletrônicas

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Circula nas redes sociais uma publicação afirmando que a Argentina e a Venezuela utilizam as mesmas urnas eletrônicas em suas eleições. “Venezuela exportava Petróleo. Hoje passam 3 dias na fila para abastecer. O argentino comia a melhor picanha do mundo. Hoje comem frango podre para sobreviver. Em comum? As mesmas urnas eletrônicas!”, diz o texto que foi compartilhado mais de 2 mil vezes.

“Venezuela exportava Petróleo. Hoje passam 3 dias na fila para abastecer. O argentino comia a melhor picanha do mundo. Hoje comem frango podre para sobreviver. Em comum? As mesmas urnas eletrônicas!” – Legenda de imagem publicada no Facebook. (Fonte: Reprodução)

Essa informação é falsa. Diferente do que afirma a publicação que circula nas redes sociais, na Argentina o voto ainda é feito com cédulas de papel. Na Venezuela, as urnas eletrônicas são utilizadas desde 2014. Ou seja, os dois países não usam as mesmas urnas eletrônicas em suas eleições.

Segundo o Código Eleitoral Nacional (entre os artigos 86 e 94), na Argentina, o eleitor se dirige à uma mesa, onde os fiscais da seção checam seus documentos de identidade. Após os dados serem confirmados, o eleitor recebe um envelope vazio, onde deve incluir a cédula do candidato e, logo em seguida, depositar o documento fechado na urna. No país, a cédula é uma folha de papel onde constam os nomes dos candidatos, o grupo partidário e os cargos.

Entretanto, a cidade de Buenos Aires e a província de Salta, desde 2015, utilizam um sistema eletrônico na votação.  Nesse caso, ao se dirigir à máquina de votação, o eleitor deve selecionar na tela seu candidato e imprimir uma cédula. Depois, basta dobrar o documento e a inseri-lo em uma urna.

Segundo o governo argentino, esse sistema ajuda a impedir a multiplicidade e o furto de cédulas. Porém, diferentemente do que acontece no Brasil, por exemplo, a máquina de votação não grava nenhum tipo de dado, tendo como função apenas a leitura de informações e impressão do voto.

Já a Venezuela, utiliza o sistema de votos eletrônico desde 2004. Segundo o Regulamento Geral da Lei Orgânica de Processos Eleitorais, o eleitor deve dirigir-se à urna, pressionar os botões referentes ao candidato, e, em seguida, selecionar botão ‘Votar”. “O voto ficará depositado eletronicamente nas unidades de armazenamento do sistema automatizado de votação”, diz a legislação.

Nesse sistema é impresso um comprovante do voto que deverá ser depositado pelo eleitor ou eleitora na urna, para realizar a Verificação Cidadã. A empresa multinacional Smartmatic era a responsável pela tecnologia das urnas venezuelanas, porem, em 2018 a empresa deixou o país após denunciar suspeita de fraude na divulgação oficial por parte do Conselho Nacional Eleitoral durante as eleições de 2017 para a Assembleia Constituinte.

A empresa argentina Ex-Clé acabou assumindo o sistema eleitoral, porém, não tem nenhuma relação com as eleições da Argentina, onde as urnas eletrônicas são do grupo MSA.

Conteúdo de fact-checking do PaiPee.