O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou um projeto de lei polêmico chamado “One Big Beautiful Bill Act”, que promete reformular profundamente o orçamento federal. A proposta, aprovada por apenas um voto na Câmara dos Representantes (215 a 214), agora enfrenta forte resistência no Senado, inclusive entre republicanos moderados.
O plano prevê cortes drásticos em programas sociais como o Medicaid (seguro saúde para pessoas de baixa renda) e o SNAP (vale-alimentação), impondo novas exigências de trabalho aos beneficiários. Ao mesmo tempo, amplia os investimentos em defesa, segurança de fronteiras e fiscalização da imigração. Recursos destinados a políticas ambientais e incentivos à economia verde também devem ser reduzidos.
Segundo especialistas, a medida visa cumprir promessas de campanha de Trump, priorizando áreas militares e de segurança em detrimento de políticas sociais. No entanto, projeções indicam que o pacote pode aumentar o déficit público em mais de US$ 2,42 trilhões na próxima década, beneficiando principalmente os mais ricos com cortes de impostos.
Maurício F. Bento, professor de economia internacional, afirma que o orçamento é a “lei das leis” por concretizar as prioridades de governo. Já Emanuel Assis, doutorando em relações internacionais, considera o projeto o mais ambicioso já proposto por Trump, com potencial de provocar uma crise econômica semelhante ou até pior que a de 2008, devido ao impacto na renda da classe média e trabalhadora e à elevação da dívida pública.
A proposta também escancarou divisões internas no Partido Republicano, entre os “trumpistas” radicais e os conservadores tradicionais, mais moderados. No Senado, onde a maioria é mais apertada, a aprovação parece ainda mais incerta. Os democratas, por sua vez, apostam em alianças com republicanos moderados para barrar o avanço do projeto.
A disputa em torno do “One Big Beautiful Bill Act” não é apenas orçamentária, mas profundamente ideológica, colocando em jogo o modelo de Estado que os EUA pretendem seguir nos próximos anos.