O movimento evangélico Machonaria Confraria Nacional de Homens, autodenominado o maior da América Latina voltado à masculinidade cristã, enfrenta sua maior crise desde a fundação, em 2018. Dezoito pastores renunciaram coletivamente aos seus cargos em maio deste ano, denunciando má gestão, desvio de recursos e falta de transparência por parte do presidente, o pastor Anderson Silva, de Brasília.
Segundo os ex-líderes, a crise começou com a ausência de prestação de contas sobre os recursos arrecadados — que em 2023 chegaram a R$ 626 mil — e culminou em dívidas que ultrapassam R$ 500 mil. Relatos apontam que Anderson era o único com acesso às contas bancárias da instituição, e que os pastores chegaram a fazer “vaquinhas” para pagar contas básicas como energia elétrica.
As acusações incluem uso indevido de dados de terceiros em contratos, inadimplência com fornecedores, funcionários com férias vencidas e impostos não pagos. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional confirma que a entidade acumula quase R$ 50 mil em dívidas com a União. Além disso, dos 33 projetos sociais anunciados no site oficial, apenas cinco estariam realmente em funcionamento.
A situação se agravou quando Anderson Silva abandonou os grupos de direção e, sem dar explicações, anunciou a mudança do nome da instituição para Instituto Família Silva — movimento interpretado pelos ex-dirigentes como tentativa de escapar das dívidas acumuladas e da imagem desgastada.
A figura do pastor já vinha sendo alvo de controvérsias, como declarações consideradas machistas e orações públicas pedindo agressões físicas a políticos, o que gerou investigações da Polícia Federal.
Os ex-pastores, em carta pública, afirmam que a Machonaria se afastou de seus princípios fundadores e pedem auditoria completa nas finanças. Para eles, a decisão de renunciar foi um ato de lealdade à missão original do movimento. “Nenhuma missão, por mais nobre que seja, pode existir sem verdade”, declara um dos líderes. Anderson Silva não se pronunciou até o fechamento da matéria.