O escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias do INSS ganhou um novo e surpreendente capítulo: o sogro do atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), também foi vítima do esquema fraudulento. Segundo o próprio ministro revelou a interlocutores, seu sogro teve R$ 82 descontados mensalmente pela CAAP (Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas), uma das entidades investigadas.
A fraude, que pode ter movimentado até R$ 6,3 bilhões, foi exposta pela série de reportagens do portal Metrópoles a partir de dezembro de 2023. O esquema consistia na filiação automática e sem consentimento de aposentados a associações, que então aplicavam descontos mensais diretamente nos benefícios pagos pelo INSS. A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que a CAAP chegou a registrar mais de 1.300 filiações por hora.
A repercussão levou à deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, em abril de 2025. A investigação utilizou como base 38 reportagens do Metrópoles e resultou na demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do presidente do INSS. Em seu lugar, Lula nomeou Wolney Queiroz, que agora se vê pessoalmente envolvido no caso, ainda que como familiar de uma das vítimas.
O escândalo escancarou a fragilidade nos mecanismos de controle dos descontos em benefícios previdenciários e a atuação questionável de diversas entidades de assistência. Com lucros bilionários e milhares de processos judiciais por fraude, essas organizações exploraram brechas no sistema para lesar aposentados em todo o país.
O caso segue em investigação e deve gerar novas fases da operação. O envolvimento indireto do ministro só reforça a amplitude do esquema e a urgência de reformas no sistema de proteção dos beneficiários do INSS.