Uma nova pesquisa dos institutos Ipsos-Ipec, divulgada nesta segunda-feira (16), revela o tamanho da insatisfação da população brasileira com a resposta do governo federal diante do escândalo de fraudes no INSS. Segundo o levantamento, 54% dos entrevistados classificam como ruim ou péssima a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) frente à crise, que já é considerada uma das maiores da história do sistema previdenciário nacional.
O escândalo, revelado em abril por meio de uma operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), aponta um rombo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Associações teriam utilizado assinaturas falsas para inscrever beneficiários sem autorização, cobrando mensalidades diretamente de suas aposentadorias. A gravidade das denúncias levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à prisão de seis suspeitos.
A pesquisa, realizada com duas mil pessoas em 132 cidades, também revela um país dividido: 43% dos entrevistados acreditam que o governo Lula tem responsabilidade direta pelo agravamento das fraudes, enquanto 35% atribuem a origem do problema à gestão anterior, de Jair Bolsonaro (PL). Outros 6% concordam com ambas as visões, 4% discordam de ambas e 12% não souberam responder.
A avaliação do governo em relação aos descontos indevidos feitos por entidades associativas também foi negativa: apenas 22% consideraram a resposta boa ou ótima, enquanto 41% a classificaram como péssima. O novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, afirmou que o órgão já recebeu mais de 3 milhões de pedidos de revisão, o que pode gerar uma restituição estimada em até R$ 2,1 bilhões.
Com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de confiança, os dados reforçam a pressão sobre o Palácio do Planalto e indicam um desafio crescente para Lula em meio à tentativa de recuperar a credibilidade de sua gestão.