Morre aos 21 anos a atriz Mabel Calzolari após batalha contra doença causada pela anestesia da cesária

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Faleceu nesta terça-feira (22) a atriz Mabel Calzolari. Ela, que atuou na novela Orgulho e Paixão, lutava contra uma doença raríssima, a aracnoidite torácica que ataca a medula causada pela anestesia da cesária de seu primeiro filho.

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A atriz de apenas 21 anos deixa o marido, o ator João Fernandes e seu filho de quase dois anos. Nos últimos meses, ela compartilhou detalhes de sua luta contra a doença nas redes sociais.

Mais cedo, em um longo desabafo nas redes sociais, o ator João Fernandes, pai da criança, exaltou seu relacionamento com a ex-companheira e desabafou sobre a perda irreparável.

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“Hoje eu perdi minha vizinha, minha amiga, inspiração, namorada, noiva, ex, amiga, parceira e mãe do meu filho. E o mundo ganha mais um capítulo sobre a história da pessoa mais sinistra que eu já vi. Obrigado por lutar tanto por nós, pela nossa família, por ter me escolhido e me dado o maior presente que existe no mundo,” começou dizendo.

ENTENDA O CASO
Desde que deu à luz o primeiro filho ao final de 2019, a atriz Mabel Calzolari travava uma batalha contra uma doença incurável chamada aracnoidite adesiva que a fez ser submetida a mais de nove cirurgias – e, apesar de ser bastante rara, ela foi adquirida a partir de algo muito comum: a anestesia usada na hora da cesariana.

Mabel Calzolari passou por inúmeras internações devido à aracnoidite adesiva. Na última passagem pelo hospital em abril de 2021, ela realizou a nona cirurgia visando conter o avanço da doença – que é uma inflamação em estruturas do sistema nervoso e foi adquirida no parto cesáreo de Nicolas devido à anestesia.

Em 2019, alguns meses após dar à luz o filho, Mabel começou a apresentar falta de equilíbrio, quedas frequentes e falta de sensibilidade nos membros inferiores. Eventualmente, os sintomas de que algo não ia bem passaram a incluir também incontinência urinária e fecal – e, após diversos episódios destes problemas, ela buscou atendimento com uma médica endocrinologista.

Na ocasião, ela acreditava se tratar de consequências das flutuações hormonais do puerpério, mas, encaminhada pela especialista a um atendimento de emergência, ela foi prontamente internada no setor de neurologia de uma Unidade de Terapia Intensiva. Lá, exames de ressonância magnética foram realizados, e a atriz então soube que tinha uma rara condição de saúde chamada aracnoidite adesiva.

Para impedir a progressão do problema, ela vinha fazendo inúmeras cirurgias na coluna, e desde então passou pouco tempo fora do hospital.

De acordo com Tatiana Vilasboas, neurocirurgiã do Hospital San Gennaro, a aracnoidite adesiva é uma doença rara e incurável que afeta as estruturas do sistema nervoso. Conforme explica, este sistema é revestido por três membranas protetoras, a dura-máter (mais externa), a pia-máter (intermediária) e a aracnoide (mais interna). Nesta condição, a aracnoide fica inflamada – e isso gera as chamadas adesões.

“Esta inflamação causa uma adesão da membrana a estruturas adjacentes, como cérebro, medula, nervos e raízes nervosas”, explica a médica, ressaltando que, quando isso acontece, o paciente pode sofrer com dores crônicas e até ter comprometimento das estruturas citadas. Isso, por sua vez, gera problemas de mobilidade, como os demonstrados pela atriz.

Segundo a neurocirurgiã, além da reação à anestesia no momento do parto (que pode ser tanto a utilizada na cesariana quanto a usada para fins analgésicos no parto natural), a arcnoidite adesiva também pode ser causadas por traumas como acidentes, ferimentos por armas de foco ou armas brancas e cirurgias, bem como infecções (encefalite, meningite, etc.), e também pela aplicação de outras medicações via intradural (através das membranas do sistema nervoso).

A aracnoidite adesiva não tem cura, mas é possível, segundo a neurocirurgiã, realizar um tratamento paliativo para o alívio dos sintomas e complicações trazidas por ela. “O tratamento geralmente é voltado a reduzir a resposta inflamatória do organismo, evitando a adesão da aracnoide em raízes nervosas, à medula ou até mesmo ao cérebro”, afirma, ressaltando que evitar estre processo de cicatrização fibrótica pode ajudar a evitar a dor crônica e o comprometimento destas estruturas.

Além disso, há também outras abordagens que podem ser sugeridas pelo médico a depender do quadro do paciente. É o caso, por exemplo, de cirurgias que tentam minimizar danos já causados nas estruturas., como as feitas por Mabel. Em outros casos, é possível implantar eletrodos e bombas de medicação que são utilizados no tratamento da dor crônica.