É falso que autoridades francesas serão acusadas por proibirem a hidroxicloroquina

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Circula nas redes sociais um texto afirmando que algumas autoridades do governo francês, entre elas o ex-primeiro-ministro da França, Edouard Philippe, serão acusados pela “PGR” (Procuradoria-Geral da República). Segundo o post, os políticos seriam os responsáveis por milhares de mortes, devido a proibição do uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. O uso seria permitido apenas em ambiente hospitalar e o texto ainda menciona que tenham ocorrido “outras incompetências durante a crise”.

“A PGR francesa acusará o Ministério demitido sexta, incluindo o Ministro da Saúde e o agora ex-primeiro-ministro Eduardo Filipe como responsáveis por MILHARES DE MORTES de Covid-19 por PROIBIR o uso de HIDROXICLOROQUINA pelos médicos da família do SUS francês e apenas permitir o uso em HOSPITAIS, entre outras Incompetências durante a crise” – Texto em post publicado no Facebook. (Fonte: Reprodução)

Essa informação é falsa. A instituição francesa que pode julgar ações do governo, conhecida como Tribunal de Justiça da República (Cour de Justice de la République, ou CJR, de fato abriu uma investigação para apurar a gestão da pandemia pelo ex-primeiro ministro Edouard Philippe, e pelos ex-ministros da Saúde Olivier Verán e Agnès Buzyn. Apesar disso, em nenhum pronunciamento da CJR foi feita alguma relação entre as investigações e as restrições ao uso da hidrixocloroquina.

O post chega a mencionar uma reportagem da BBC que, em nenhum momento, cita o medicamento ao noticiar o caso, assim como todos os outros veículos internacionais que falaram sobre o assunto. O autor do texto que circula nas redes sociais também menciona uma matéria do site Afrik, que reafirmaria as restrições ao uso de hidroxicloroquina como motivo central para a investigação das autoridades. Porém, o texto apenas menciona o medicamento e as condições aprovadas para seu uso na França ao falar sobre as atitudes do governo, e não como uma das queixas ao governo, que são nove no total, que foram aceitas pelo CJR para seguirem as investigações. O teor de nenhuma dessas reclamações, sobre o modo que o governo lidou com a pandemia, foi divulgada.

O procedimento foi aberto oficialmente na última terça-feira (7) e a investigação segue ainda em estágio inicial. O ex-primeiro-ministro, que está sendo investigado, renunciou ao cargo em 3 de julho e afirmou que fornecerá todas as informações solicitadas para explicar as decisões tomadas durante a pandemia.

O uso da hidroxicloroquina no país é restrito apenas a testes clínicos desde o dia 26 de maio e a orientação continua válida mesmo após Philippe ter deixado o cargo. O Conselho Superior de Saúde Pública tem como argumento para a decisão o fato de nenhum estudo científico ter comprovado a eficácia do medicamento e ainda o fato de existirem efeitos colaterais potencialmente graves.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.