‘Estudo Henry Ford’ não provou eficácia da hidroxicloroquina contra a Covid-19

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Tem circulado pelas redes sociais, principalmente no Facebook, um post com a afirmação de que um estudo feito no Sistema de Saúde Henry Ford, nos Estados Unidos, provou a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

 (Foto: Divulgação)

O texto diz que a pesquisa foi feita pela Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas com 2.451 pacientes, usando procedimento randomizado e duplo-cego – mais indicados para comprovar se um remédio, de fato, funciona.

No entanto, a informação é falsa. O estudo feito pelo Sistema de Saúde Henry Ford não adota os parâmetros científicos mais indicados para comprovar a eficácia da hidroxicloroquina ou de outros medicamentos. A metodologia usada aponta apenas para a viabilidade de que sejam produzidas análises mais aprofundadas sobre os efeitos da droga contra o novo coronavírus.

Além disso, o estudo não aplica dois procedimentos considerados essenciais para mostrar se um medicamento funciona. Essas técnicas, presentes apenas em ensaios clínicos, são a randomização (escolha aleatória dos participantes) e o duplo-cego (quando nem médicos, nem pacientes sabem quem recebe o medicamento e quem recebe placebo). Estudos recentes que usaram essas duas abordagens concluíram que a hidroxicloroquina não é eficaz contra a Covid-19.

Publicada no International Journal of Infectious Diseases em 1º de julho, a pesquisa realizada em hospitais do Sistema de Saúde Henry Ford é uma análise retrospectiva observacional. Isso significa que os autores estudaram os pacientes que já haviam sido tratados para a Covid-19 entre 10 de março e 2 de maio. Os cientistas verificaram se eles tinham tomado alguma medicação e identificaram quantos tinham sobrevivido. A pesquisa então calculou a taxa de sobrevivência de acordo com o tipo de tratamento recebido.

Cientistas apontam, no entanto, que essa abordagem não é suficiente para determinar a eficácia de um remédio. Uma série de fatores pode influenciar os resultados, levando análises similares a conclusões completamente opostas. Isso ocorreu, por exemplo, com um outro estudo observacional recente sobre a hidroxicloroquina publicado pelo The New England Journal of Medicine em 7 de maio. Foram analisados 1.446 pacientes em um centro médico de Nova York, dos quais 811 receberam hidroxicloroquina. Segundo os autores, o medicamento não reduziu a necessidade de intubação, nem as mortes.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.