Circula pelas redes sociais que a cloroquina foi recomendada como forma de tratamento durante a gripe espanhola. A imagem, compartilhada mais de 6,4 mil vezes desde 19 de agosto de 2020, mostrava como “prova” um anúncio que recomenda um “comprimido de chloro quinino” para melhorar os sintomas da gripe. Mas, segundo o Conselho Federal de Química, cloroquina e chloro quinino são substâncias completamente diferentes.
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As informações sobre o tratamento de cloroquina durante a gripe espanhola não são verdadeiras, porque, a princípio, o anúncio compartilhado nas redes foi originalmente publicado em 3 de novembro de 1918, no jornal “Minas Gerais”. Já a cloroquina foi sintetizada em 1934, ou seja, depois da pandemia da gripe espanhola. Além disso, o anúncio informa sobre chloro quinino, ou cloridrato de quinino, que é uma droga diferente da cloroquina.
Lembrando que a gripe espanhola teve duas grandes ondas em 1918. Ao todo, a epidemia infectou um terço da população do planeta, o que corresponde a cerca de 500 milhões de pessoas. No Brasil, os primeiros registros de infectados surgiram em setembro de 1918. Segundo a Fiocruz, as autoridades brasileiras desconheciam medicamentos eficazes no tratamento da doença e a recomendação era evitar aglomerações. Ou seja, o próprio cloridrato de quinino não foi uma substância eficaz para o tratamento da doença.
Assim como conta a historiadora Lilia Schwarcz, muitos jornais lucraram com propaganda de medicamentos que prometiam a cura da gripe espanhola. E por isso a publicação do remédio só foi possível pois uma farmácia mineira pretendia vender o cloridrato de quinino mesmo sem que o remédio tivesse eficácia comprovada para gripe espanhola.
Conteúdo de fact-checking do PaiPee.