Durante sua passagem por Paris nesta sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu ao adotar um tom otimista, mesmo diante da pior taxa de desaprovação de seu governo até agora — 57%, segundo pesquisa Quaest. Em discurso no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-França, Lula afirmou estar “feliz da vida”, apesar de dormir todos os dias à meia-noite “ouvindo notícias negativas”.
O presidente exaltou sua rotina intensa, dizendo acordar às 5h30 para fazer duas horas de ginástica, e garantiu estar em boa forma física e espiritual. “Estou feliz da vida”, reforçou, ignorando as críticas e a queda de popularidade. Em tom descontraído, Lula ainda brincou com a possibilidade de viver até os 120 anos, mencionando uma reportagem que sugeria que já nasceu a pessoa que alcançará essa longevidade. “Pode ser eu”, disse, arrancando risadas da plateia.
Além do tom leve, Lula não poupou críticas à geopolítica internacional, especialmente aos Estados Unidos. Sem citar nominalmente o atual presidente Joe Biden, mas mirando diretamente em Donald Trump, Lula afirmou que o mundo “não tem dono” e que não aceita mais “xerifes globais”. Ele defendeu uma governança internacional mais equilibrada, com maior protagonismo de fóruns como o G20 e o Brics.
A visita à França também teve momentos simbólicos. Lula foi homenageado com o título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade Paris 8 e participou de eventos relacionados à certificação sanitária do Brasil. Neste sábado (7), o presidente segue para Nice, onde participará do 3º Fórum dos Oceanos da ONU, evento preparatório para a COP30.
As declarações de Lula mostram um presidente que tenta manter o otimismo e o protagonismo internacional, mesmo diante de um cenário interno desafiador. A estratégia parece ser reforçar sua imagem fora do país enquanto tenta reverter a queda de aprovação no Brasil.