O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a ausência de diálogo entre o governo brasileiro e os Estados Unidos diante do recente aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump. Em declaração feita nesta quinta-feira (28/8), Lula afirmou que, apesar dos esforços de sua equipe econômica e diplomática, não houve qualquer resposta por parte da Casa Branca.
Segundo Lula, nem o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nem o vice-presidente Geraldo Alckmin, tampouco o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiram estabelecer contato com autoridades americanas. Haddad, inclusive, teve uma reunião cancelada com o secretário do Tesouro dos EUA, que preferiu se encontrar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o que foi alvo de críticas do presidente brasileiro.
Lula classificou a postura do governo Trump como uma demonstração de “falta de seriedade” nas relações bilaterais e afirmou que não pretende “mendigar” um diálogo. “Um homem que anda de cabeça erguida, tem dignidade, não rasteja diante de outro homem”, declarou, acrescentando que está aberto à negociação, mas que o presidente americano “se acha dono do planeta”.
O tarifaço, oficializado por Trump no fim de julho, impôs uma alíquota de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados aos EUA. A medida é resultado da soma de uma tarifa anterior de 10%, anunciada em abril, com um acréscimo de 40%. Cerca de 700 itens, como suco de laranja, petróleo, aeronaves, castanhas e minérios de ferro, ficaram de fora da nova sobretaxa e continuam sujeitos apenas à tarifa de 10%.
Apesar do tom crítico, Lula reafirmou sua disposição para o diálogo: “A hora que eles quiserem negociar, o ‘Lulinha paz e amor’ está de volta. Não tenho medo de errar”. A declaração foi feita durante entrevista à TV Record de Minas Gerais, onde o presidente também ironizou a ausência de qualquer iniciativa de Trump para estabelecer contato, dizendo que “nem carta mandou”.
