O caso da jovem militar britânica Jaysley Beck, de 19 anos, voltou a ganhar repercussão após o ex-sargento-mor Michael Webber admitir, em setembro de 2024, ter cometido abuso contra ela. Jaysley foi encontrada morta em seu alojamento militar em Wiltshire, em dezembro de 2021, poucos meses após relatar o assédio que sofreu durante um treinamento em Hampshire.
Na denúncia feita em julho de 2021, a soldado relatou que Webber agarrou sua perna e tentou beijá-la. Apesar da gravidade, a queixa foi minimizada pela hierarquia militar. O major responsável pela análise do caso, Robert Ronz, optou por não abrir investigação formal, considerando a situação passível apenas de advertência leve. Um inquérito posterior concluiu que a forma como o Exército lidou com a denúncia teve influência significativa no desfecho trágico.
A admissão de culpa por parte de Webber trouxe algum alívio à família da jovem, mas não apagou a dor da perda. A mãe de Jaysley, Leighann McCready, lamentou a tragédia e criticou a negligência institucional. A advogada da família, Emma Norton, reforçou que o suicídio poderia ter sido evitado se o caso tivesse sido tratado com seriedade desde o início.
Além de Webber, outro militar, o bombardeiro Ryan Mason, também foi citado no inquérito. Ele teria enviado mais de 4.600 mensagens à soldado, demonstrando comportamento obsessivo e contribuindo para o ambiente de pressão psicológica que ela enfrentava. Jaysley se sentia “presa” e “insegura”, segundo relatos.
Um relatório interno de outubro de 2023 classificou como “quase certo” o impacto direto dos episódios de assédio na decisão da jovem de tirar a própria vida. O caso expôs falhas graves na estrutura de proteção e resposta do Exército britânico diante de denúncias de abuso, especialmente em um contexto de rígida hierarquia e vulnerabilidade de soldados mais jovens.
