Sites de notícias falsas geram quase R$ 1 bilhão em publicidade

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Os pesquisadores da Global Disinformation Index chegaram a encontrar anúncios de marcas famosas como Amazon e Sprint em sites que disseminam notícias falsas (Foto: Pixbay)

A disseminação das notícias falsas, também conhecidas como ‘fake news’, é um assunto muito delicado, que tem preocupado o mundo inteiro. No último dia 23 de setembro, o Global Disinformation Index publicou um estudo com base em uma amostra de cerca de 20 mil sites destinados à veiculação de fake news, e descobriu que as empresas de tecnologia de anúncios gastam cerca de US$ 235 milhões (o equivalente a R$ 977 milhões) por ano exibindo anúncios nesses sites.

“Nossas estimativas mostram que a tecnologia e as marcas de anúncios estão involuntariamente financiando domínios de desinformação. Essas descobertas demonstram claramente que esse é um problema de toda a indústria que requer uma solução para toda a indústria”, explica Clare Melford, co-fundadora e diretora executiva do Global Disinformation Index.

o estudo aponta que a transparência sobre a relação entre marcas, anúncios e empresas de tecnologia e os domínios que veiculam seus anúncios é “um primeiro importante passo em busca das fontes de financiamento da desinformação”. (Foto: Pixbay)

As pesquisas mostram que a empresa ainda têm um longo caminho a percorrer para impedir a monetização da desinformação, e pode precisar recorrer a companhias de publicidade menores para aconselhamento. Em agosto, por exemplo, uma rede de recomendação de conteúdo anunciou que começaria a desmonetizar partes do conteúdo que foram verificadas como falsas.

Os pesquisadores da Global Disinformation Index chegaram a encontrar anúncios de marcas famosas como Amazon e Sprint em sites do tipo, como Addicting Info, RT e Twitchy. E a parte mais surpreendente disso é que a Google também prestou apoio. Segundo o estudo, a gigante de tecnologia Google apoiou cerca de 70% dos sites da amostra e também forneceu cerca de 37%, ou US$ 86 milhões (R$ 357 milhões) anualmente, de sua receita. Gande parte deste problema se deve ao fato de qualquer pessoa com um site poder se inscrever para usar a rede de monetização do AdSense, pertencente ao Google, e, se for aceito, começar a colocar anúncios em seu site.

O responsável pelo estudo aponta ainda que implementar uma parceria entre verificadores de fatos e a Google seria mais difícil e complicado do que com empresas menores de tecnologia de anúncios. Mas a pesquisa mais recente do GDI revela que as regras existentes da empresa não são suficientes para impedir que os sites de fake news lucrem com suas publicações — apesar dos outros esforços da Google para elevar a verificação de fatos. “A desinformação é um problema em todo o setor que exige soluções nas marcas e anúncios”, diz o GDI em seu estudo. Adicionalmente, o estudo aponta que a transparência sobre a relação entre marcas, anúncios e empresas de tecnologia e os domínios que veiculam seus anúncios é “um primeiro importante passo em busca das fontes de financiamento da desinformação”.