Porque a Bolsa de Valores despencou com a crise na China?

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O início de 2020 foi marcado com o surto do novo coronavírus, que tem provocado imagens fortes na China. O país de 1,3 bilhão de habitantes acostumado a ruas lotadas e atividade econômica intensa, hoje, vive um cenário completamente diferente.

A situação se tornou uma emergência global de saúde pública, de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, o índice composto da Bolsa de Xangai, reaberta após duas semanas de recesso, caiu quase 8% na última segunda-feira (3), alcançando o patamar mais baixo em quatro anos.

A queda da bolsa atinge principalmente os papéis de empresas dos setores de manufatura e bens de consumo. Entretanto, os efeitos são sentidos além do continente asiático. “Nossas exportações, no momento, pode ser que afetarão 3%. Isso pesa para nós. Afinal de contas, a China é o nosso maior mercado exportador (importador)”, afirmou o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

A economia sofre em plena celebração do Ano Novo Lunar, que é uma das datas mais importantes do calendário chinês, e agora, em diversas cidades quase ninguém compra presentes, gasta dinheiro ou nem sequer come fora de casa. Por isso, o impacto será sentido de muitas maneiras, já que a China está virtualmente parada.

O país asiático passa por um período de desaceleração, e o avanço da doença deve “comer” de 1 a 2 pontos percentuais do crescimento do PIB. Porque a disseminação do surto de coronavírus e as medidas impostas para contê-lo, bem como o menor consumo de empresas e indivíduos, complicam a recuperação.

Por exemplo, os fabricantes de automóveis, como a General Motors e a Toyota, pediram a seus trabalhadores que estendessem suas folgas do Ano Novo Chinês, com fábricas fechadas até pelo menos 9 de fevereiro. Além disso, o turismo interno e externo diminui.

Bolsa de Valores e crise na China

Primeiro de tudo, a Bolsa de Valores nada mais é do que um mercado organizado onde se negociam ações classificadas de sociedades de capital aberto (uma empresa em que se pode investir) e outros valores mobiliários.

É comum ver nos noticiários que a bolsa de determinados lugares cai ou sobe depois de algum acontecimento, uma eleição ou até mesmo uma crise na China. Mas por que isso acontece?

O movimento é definido pela oferta e demanda, ou seja, se mais gente comprar, a tendência é subir, e se mais gente vender, o índice deve cair. Na BM&FBovespa, por exemplo, o principal referencial é o Ibovespa (Índice Bovespa). Quando os investidores estão comprando mais um ativo e dispostos a pagar mais por ele, os preços sobem. Se a maioria resolve vender suas posições e a oferta supera a demanda, os preços tendem a cair.

Portanto, a pressão compradora e vendedora de uma ação pode acontecer por diversos motivos: questões da economia nacional, notícias internacionais, ou mesmo por motivos relacionados à própria empresa.

Problemas na economia do País, como é o caso da crise na China, também podem afetar negativamente o desempenho das ações e fazer com que as ações se desvalorizem. Da mesma forma como o contrário também é valido: se a economia está sólida, sem grandes problemas tanto interna quanto externamente, os investidores podem ficar mais propensos ao risco e voltar a comprar no mercado de ações.

Além disso, outros fatores que podem influenciar o preço das ações, como o próprio desempenho da empresa ou as expectativas para o setor onde ela está inserida.

Efeito dominó: a economia brasileira se afeta também

Na sexta-feira (31), Jair Bolsonaro destacou que as exportações brasileiras podem cair 3% por causa do impacto econômico do novo coronavírus. Já que a China representa quase 18% do PIB global e a soja foi a maior beneficiada, com uma exportação adicional de US$ 7 bilhões para a China, na comparação com 2017.

No ano de 2018, as exportações brasileiras para a China cresceram 35% na comparação com 2017, gerando uma balança comercial positiva para o Brasil em US$ 30 bilhões. No entanto, uma crise econômica na China pode afetar as exportações e por consequência refletir nas atividades econômicas brasileiras.

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