Coronavírus: o que já se sabe sobre os impactos na gravidez

10

São Paulo confirmou nesta quinta-feira (5) os dois primeiros casos de transmissão direta do coronavírus no país. A confirmação é do Ministério da Saúde. Com o aumento dos casos, cresce a preocupação do impacto em grupos mais vulneráveis, como grávidas e crianças.

Segundo especialistas, as mulheres grávidas possivelmente são mais suscetíveis a desenvolverem quadros clínicos mais graves do coronavírus. Confira abaixo dicas importantes de como as crianças e grávidas podem se proteger.

Quais são os riscos do coronavírus para as grávidas?
Ainda não existem estudos suficientes para entender como o vírus se comporta nas gestantes. No entanto, segundo a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês (SP), como as grávidas passam por mais alterações no corpo, é possível que elas sejam mais suscetíveis a desenvolverem quadros clínicos mais graves do coronavírus, como nos casos das gestantes com H1N1, doença que, assim como o coronavírus, tem sintomas semelhantes aos de uma gripe comum. Quanto aos riscos, baseada no comportamento de outros coronavírus, acredita-se que as grávidas infectadas teriam uma probabilidade maior de ter um aborto espontâneo ou mesmo bebês prematuros.

A grávida pode transmitir o vírus para o bebê?
Mais uma vez, como é tudo muito recente, ainda não há estudos suficientes para comprovar se o vírus passa da gestante para o bebê. No entanto, os pesquisadores já começaram a analisar alguns casos. Publicada no jornal científico The Lancet, uma pesquisa feita com uma amostra de nove grávidas sugere que o novo coronavírus não passaria de mãe para filho durante a gestação. As mulheres eram de Wuhan, na China, onde a epidemia teve início, e tiveram pneumonia causada pelo COVID 19. Todas deram à luz por meio de cesariana. Para a infectologista Mirian, ainda é muito cedo para se chegar a uma conclusão, mas essa é a única evidência que temos no caso das grávidas e, se observarmos o comportamento de outros coronavírus, realmente, a transmissão do vírus da mãe para o bebê não acontece.

Como evitar a contaminação?
Segundo Rosana Richtmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas e Maternidade Pro Matre Paulista (SP), a mão é um dos principais vetores de transmissão do vírus. No entanto, apesar de o coronavírus ter um grande potencial de contágio, ele não é tão resistente aos processos de higienização. O ideal, assim, é lavar bem as mãos. Toda a superfície deve ser levadas, inclusive embaixo das unhas e entre os dedos. O álcool em gel também é extremamente eficaz, como complemento da higienização. Quanto ao uso de vinagre para lavar as mãos, não há nenhum estudo que comprove a eficácia. Para evitar a contaminação, também se recomenda não compartilhar objetos.

Quando se deve ir ao hospital?
Ao constatar que estão doentes, as pessoas, geralmente, pensam em ir ao pronto-socorro. Isso se agrava quando falamos de grávidas, já que há o medo de prejudicar o bebê. No entanto, nem sempre ir a um hospital é o mais recomendado, já que, nesse tipo de lugar, há grande circulação de vírus e outras doenças contagiosas. Como coronavírus tem sintomas semelhantes aos da gripe, como tosse, febre e dor de garganta, é possível que as pessoas fiquem assustadas e corram logo para o hospital sem necessidade. Por isso, é preciso manter a calma e avaliar os sintomas. Para Mirian, no caso das grávidas, o recomendado é sempre manter contato com o obstetra sobre sua condição de saúde e recorrer ao hospital em casos de falta de ar. Até o momento, não existe uma medicação específica para tratar a infecção pelo COVID 19. O que se pode fazer é tratar os sintomas, como por exemplo, se tiver dor, a gestante pode tomar um analgésico, caso não haja nenhuma contraindicação para sua saúde.