Falso: Bolsonaro não estava no RJ no dia da morte de Marielle Franco

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Viralizou nas redes sociais uma imagem com um breve texto que afirma que o presidente Jair Bolsonaro estava em sua casa, localizada no Rio de Janeiro, no dia em que a vereadora Marielle Franco foi assassinada, em 14 de março de 2018.

O post usou como “prova” a passagem aérea de Brasília para o Rio. “Encontrada passagem aérea em nome de Bolsonaro de Brasília para o RJ no dia do assassinato de Marielle [link para o site da Câmara]”, relata o texto que foi compartilhado por mais de 7,6 mil pessoas.

No portal da transparência do Legislativo é informada a data da emissão do bilhete, porém, não diz o dia que o voo aconteceu. Sem contar que teve seu valor estornado no dia seguinte, ou seja, não foi utilizada.

Na legenda da postagem, foi publicada um link que direciona para uma página no Portal da Transparência da Câmara. Nela, há a informação de que o gabinete do então (ainda) deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) comprou uma passagem emitida em 14 de março de 2018, do Aeroporto Internacional de Brasília para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

No site, o bilhete aéreo, emitido pela empresa Gol com o código WQ2GUH, custou R$ 1.032,93 e sem alguma informação se é só de ida ou se é de ida e volta. No dia seguinte (15), é possível verificar que a mesma passagem teve seu valor estornado na íntegra.

No mesmo dia (14), o gabinete de Bolsonaro comprou uma segunda passagem de Brasília para o Rio de Janeiro. A passagem também foi emitida pela Gol e também tem ele como passageiro, mas, neste caso, o destino é o Aeroporto Internacional do Galeão.

Importante deixar claro que dia 14 é a data da emissão do bilhete, e não a data do voo. Além disso, o post afirma que:“Bolsonaro estava em casa [no Rio de Janeiro] no dia do assassinato de Marielle”

O que também é falso. Bolsonaro estava em Brasília no dia 14 de março de 2018, às 20h05. É possível provar porque ele apareceu rapidamente em transmissão ao vivo da TV Câmara, durante discurso do deputado Alberto Fraga (DEM-DF). No próprio site da Câmara há um link que disponibiliza o vídeo da sessão, em que a fala de Fraga foi feita depois das 19h44.

As gravações de áudio mostram que Fraga falou só uma única vez depois desse horário, às 20h04. Sendo que Bolsonaro aparece cerca de um minuto depois do início da fala do colega. Com essa informação, significa que ele não estava no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, às 17h10.

Esse foi o horário em que Élcio de Queiroz, acusado de ser um dos participantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, teria chegado no condomínio, de acordo com os registros da portaria.

O trajeto do condomínio Vivendas da Barra até o Santos Dumont, de 26 quilômetros, costuma demorar mais de uma hora nesse horário. A duração mínima do percurso fora do horário de pico é de 30 minutos, então Bolsonaro não tinha como sair da Barra da Tijuca às 17h10 e estar dentro de um avião no Santos Dumont às 17h49.

Há também os documentos obtidos pelo Guilherme Amado, da revista Época, via Lei de Acesso à Informação, que mostram que o atual presidente registrou sua presença na Câmara, pelo controle biométrico, às 17h41. Praticamente meia hora depois da chegada de Queiroz ao condomínio. Bolsonaro também registrou sua presença às 19h36 e às 20h38.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.